segunda-feira, 14 de julho de 2008

3º PASSO– FORMATAÇÃO

Formatação do texto

Uma tarefa da qual nenhum escritor sério pode fugir é a de reler incessantemente o texto. Sempre haverá um erro, uma passagem que pode ser melhorada, um detalhe a ser corrigido. James Joyce, por exemplo, relia os seus textos obsessivamente. Ele levou 7 anos para escrever Ulisses. Quando o livro saiu da gráfica, no entanto, foram encontrados cerca de 19 erros por páginas (muito devido à forma de impressão usada na época).

Atualmente o computador, o tipo de impressão e uma série de outros fatores reduzem muito o número de erros de um livro, mas ainda assim a releitura do autor é vital. Releia até o seu limite. Esse é o seu dever. Isso não quer dizer que o seu texto não terá nenhum erro após a vigésima leitura, mas cabe a você, principalmente por ser um autor independente, ler o máximo possível e com o máximo de atenção, fazer de tudo para que não haja muitas falhas.

Depois da releitura, a formatação do texto pode ser dividida em 2 partes:

  • edição

  • revisão gramatical e ortográfica

Edição

significa analisar se a história está coerente, se a narrativa tem lógica, se não existe algum erro (personagem morto reaparece na trama, passagens sem explicação), verificar se o autor soube expressar o que ele quis dizer. No caso de poesia essa análise é mais tênue devido ao caráter inovador da poesia, criando novas relações sintáticas, palavras, arranjamento no papel... ainda assim é válido para o poeta ouvir as reações das pessoas e voltar ao texto. A revisão pode ser feita: por você mesmo; por um profissional; ou por um público não especializado, como amigos. Esta última opção tem algumas grandes desvantagens, como a inexperiência, falta de habilidade para transmitir e detectar certas falhas.

Muitos autores conhecidos optam por terem editores trabalhando com eles, como Salman Rushdie, que já afirmou que deve muito aos seus editores, outros, no entanto, não aceitam mudar uma letra. Em geral, livros de grandes editoras sofrem edições, boas ou não.

A edição profissional é, em geral, cara, e o retorno pode ser frustrante para alguns.

Cabe nesse ponto avaliar as suas opções. Se você tem algum contato com pessoas ligadas a literatura, talvez possa pedir ajudar, colocando um agradecimento no livro. Um aspecto positivo da publicação independente, e da arte em geral, é que ela tem o poder de gerar uma simpatia que vai além do mero aspecto econômico. Ou seja, não é difícil encontrar pessoas que poderiam ajudá-lo sem nenhum custo. Não custa tentar.

Em geral, autores com pouca experiência precisam dos serviços de um editor. Autores mais experientes podem sentir que essa ajuda seja menos importante.

Na hora de contratar um profissional, procure suas referências, trabalhos já realizados por ele, explique em detalhes a proposta do seu livro e aponte aquelas passagens que você não está certo.

Revisão gramatical e ortográfica

É aconselhável que seja feita por um profissional, mas se o autor for capaz, poderá fazê-la. Uma opção mais em conta é procurar estudantes universitários de letras (indicados por professores). A maior desvantagem de se contratar um serviço é trabalhar com pessoas que você não conhece bem, sendo difícil saber o quão boa foi a revisão, e se foi feita com cuidado. Novamente, procure por referências caso contrate alguém.

A revisão gramatical e ortográfica deve ser feita após a revisão do conteúdo. Ela é o último passo da formatação do texto. A partir daí, você começará a cuidar de como o seu arquivo irá se transformar em um livro.


Formatação física do livro


Agora você decidirá qual será o tamanho do seu livro, tipo da folha, tamanho do texto em cada página, fonte da letra entre outros. Os principais tópicos da formatação física do livro são:


Fonte

Tamanho do livro

Tamanho do Texto

Papel

Programas de Edição - Diagramação

Colagem

Arte

Capa

Acabamento

Tiragem

Revisão De Provas

Fonte

A fonte de um livro é algo sobre o qual todo autor deve se preocupar. Mas não se preocupar demais. Você só tem que saber algumas coisas essências:

Existem dois tipos de fontes, as com serifa e as sem serifa.

Esse é um tipo de fonte sem serifa, e esse é um tipo de fonte com serifa.

A serifa são essas curvinhas na letra, repare bem. A diferença é que as fontes com serifa permitem uma leitura mais fluida. Então, para textos impressos longos, prefira fontes com serifa.

Outra coisa é importante: evite os extremos (eu sei que já falei isso, mas vale a pena lembrar). Uma fonte banal como a Arial ou Times New Roman não é atraente. Estamos cansados de vê-las em jornais, revistas, Internet, currículos, cartas.... tente algo novo, porém... não caia no extremo. Não use fontes rebuscadas demais, como góticas, em estilo árabe ou que imitam escrita a mão. Ler um texto longo com fontes assim é uma verdadeira tortura e não gera nenhuma simpatia nos seus leitores. O melhor é escolher uma fonte similar a garamond, times, goudy, sabon... pois elas são de fácil leitura e por serem similares a fontes largamente usadas os leitores estão familiarizados com sua forma (tornando a leitura mais rápida), além de dar uma boa apresentação para o seu livro.

Uma boa forma de encontrar a fonte ideal para o seu livro é dar uma olhada em outros livros do mesmo gênero que o seu. Em alguns consta a fonte usada na última página do livro. Caso não tenha, tente memorizar e depois visite um site para encontrar uma que seja similar.

O site www.dafont.com é provavelmente o site de fontes mais popular do mundo. No tema SERIF você encontrará centenas de fontes de fácil leitura e que se aproximam da convencional Times.

Para textos na Internet, as fontes sem serifa (como Arial) são as mais indicadas. Ainda não se sabe a razão, mas em uma pesquisa feita por Dr. Ralph F. Wilson, um consultor de negócios, mostrou que quase 2 em cada 3 pessoas preferem ler um texto em Arial (sem serifa) do que em Times New Roman (com serifa) na Internet. Ele notou também que a fonte Verdana é a mais indicada para textos pequenos.

Existem ainda algumas pequenas questões quanto a fonte que usar, como o tamanho. O padrão é a Times New Roman 12. Menor do que isso a leitura fica um pouco prejudicada. Um tamanho 12,5 ou até 13 é ainda bom. Se o seu livro se destinar a crianças ou a um público mais velho, você pode até pensar em usar 13,5 ou 14, ainda que 13 com um espaçamento 1,5 ou superior já será o suficiente.

Como os tamanhos das fontes não são padronizados (Arial 10, por exemplo, é maior do que a Times New Roman 10, que é maior do que a Verdana 10) compare a sua fonte com a Times 12 e encontre o tamanho apropriado.

A última coisa: use apenas uma fonte no do seu livro. Tudo bem se a capa tiver outra fonte, mas no interior use apenas uma. Isso melhora em muito o visual do livro, o que é vital quando se quer trabalhar com livrarias e distribuidores, e facilita a leitura.

Tamanho do livro

A impressão padrão é de 14 x 21cm, que é a mais econômica. A desvantagem é que o seu livro possa ser muito comum. Às vezes um pequeno redimensionamento pode dar um aspecto mais interessante e sem ser tão caro. Quando fizer o orçamento, você pode pedir formatações diferentes para ver a diferença de custo.

Fique atento à colagem do livro, em especial se o seu livro tem mais de 150 páginas. Mesmo algumas editoras grandes têm uma péssima colagem, o que desvaloriza muito o seu livro e deixa o consumidor irritado quando as páginas do livro novo começam a cair. A mais comum é a hot melt (cola quente), ainda que a costura seja mais indicada para livros com mais páginas.


continua em breve... qualquer dúvida me mande um @



lance


Sociedade Mutante

Autores de livros independente, seguindo o que músicos independente já têm feito há alguns anos, estão encontrando maneiras alternativas de difundir suas obras. A Internet (ainda que poucos explorem seu real potencial, quanto mais autores independente) é certamente um grande veiculo nessa tentativa de levar ao público obras que não fazem parte das campanhas de massificação do grande circuito. Uma idéia muito interessante surgiu de um grupo de escritores que montaram um blog que tem como objetivo ser um catálogo de autores independentes (isso foi o que eu entendi, mas se quiser formar sua própria opinião, entre no link logo abaixo).

A idéia por si só já é interessante. Além disso, o blog é bem estruturado, agradável de se ler e há um grande espaço para os autores. São colocadas a biografia, obras, muitas fotos, resumo, descrição pessoal, contatos... enfim, tudo que pode interessar cansado da servir as maquinações da mídia. O blog é Sociedade Mutante www.sociedademutuante.blogspot.com

É importante que autores independentes tenham atitude e apóiem idéias como essa. Não custa nada comentar com amigos, ou mesmo arriscar comprar um livro que quer nos convencer pelo seu conteúdo, e não pelas bocas vorazes da mídia que mastigam nossos olhos, pensamentos e gostos. Espero que esse blog cresça imensamente e possa ser uma alternativa às livrarias com seus preços exorbitantes e livros enlatados.

n. lance